Validação do Questionário de Recuperação Bipolar para a População Portuguesa: Recuperação e Preditores em Pessoas com Perturbação Bipolar

Introdução: O paradigma da saúde mental está a evoluir progressivamente para uma perspetiva centrada na recuperação. Assim, são necessários instrumentos validados para medir a recuperação na perturbação bipolar (PB). O Questionário de Recuperação Bipolar (BRQ) é o instrumento mais utilizado para avaliar este construto. O objetivo deste estudo foi traduzir e realizar uma adaptação transcultural do BRQ para o português europeu (PT-PT), explorar associações adicionais da recuperação com características sociodemográficas e regulação emocional, e investigar preditores de recuperação para contribuir para estudos e práticas clínicas futuras.
Métodos: Foi feita a tradução do BRQ para português e retroversão, chegando-se a uma versão consensual entre os tradutores, e um desenho teste-reteste foi usado para avaliar a estabilidade temporal do instrumento. Os participantes foram recrutados em hospitais públicos e organizações de apoio a pessoas com PB pelos seus psiquiatras, psicólogos ou por autorreferenciação. Oitenta e oito pessoas com diagnóstico de PB preencheram uma bateria de questionários de autorresposta. para avaliar a recuperação (BRQ), sintomas clínicos de humor (Escala Hospitalar de Ansiedade e Depressão), afeto (Escala de Afeto Positivo e Negativo), bem-estar (Qualidade de Vida Breve para Perturbação Bipolar; Escala de Satisfação com a Vida) e regulação emocional (Escala de Dificuldades na Regulação Emocional).
Resultados: O BRQ apresentou uma excelente consistência interna, com um alfa de Cronbach de 0,92, e o teste-reteste apresentou uma boa fiabilidade (r = 0,88). A validade do constructo foi confirmada através das correlações positivas e moderadas com a qualidade de vida (r = 0,58) e afeto positivo (r = 0,52), e correlações negativas moderadas com a depressão (r = -0,64) e o afeto negativo (r = -0,55). Tanto a satisfação com a vida (β = 0,38, p = 0,010) como a recuperação (β = 0,34, p = 0,022) tiveram impacto na qualidade de vida, apoiando a validade incremental do BRQ. Os sintomas depressivos e a desregulação emocional foram responsáveis por 51% da sua variância.
Conclusão: O BRQ é um instrumento válido e fiável para medir a recuperação em pessoas com PB na população portuguesa, sendo adequado para contextos clínicos e de investigação.

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