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Revista Científica da Ordem dos Médicos
Introdução: A pandemia de COVID-19 impôs uma reorganização dos serviços de saúde e a teleconsulta surgiu como solução para manter o acompanhamento dos utentes. Este estudo caracterizou, pela perspetiva dos médicos, a consulta não presencial (CNP) realizada no Serviço Nacional de Saúde (SNS) durante a primeira fase da pandemia e identificou fatores que influenciam a experiência da consulta.
Material e Métodos: Estudo transversal analítico com base num questionário online dirigido aos médicos do SNS entre julho e setembro de 2020. Recolheram-se dados demográficos e informação sobre a prática, atitudes e perceções relativas à CNP. Foram calculadas razões de prevalência através de regressões Poisson, ajustadas para identificar fatores associados a maior satisfação, utilização de videochamada e maior motivação para realizar teleconsultas no futuro.
Resultados: Obtiveram-se 2225 respostas válidas. A CNP foi realizada por 93,8% dos inquiridos neste período, dos quais 99,0% utilizou o telefone como forma de comunicação e apenas 8,0% a videochamada. Registámos elevada satisfação com as CNP realizadas, com significativa associação à ideia de que a CNP providencia cuidados de saúde de qualidade equivalentes à consulta presencial [adjusted prevalence ratio (aPR) = 1,472], e adesão à realização de CNP após a pandemia (aPR = 4,081). A existência de dificuldades clínicas (aPR = 0,763) ou técnicas (aPR = 0,666) esteve associada a menor satisfação. Entre os médicos respondentes, 70,4% gostariam de continuar a realizar CNP subsequentes e 53,3% consideram que deve ser sempre ou muitas vezes utilizado suporte de vídeo na CNP.
Conclusão: A teleconsulta parece ter potencial para se tornar uma prática comum no futuro. No entanto importa solucionar limitações de natureza clínica, técnica, organizacional e legal e, assegurar que é uma prática segura, benéfica e valorizada pelo utente.